Guided Literary Readings
Cod: 52056
Department: DH
ECTS: 8
Scientific area: Literature
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Tem a poesia portuguesa no século XX sido rubricada por algumas linhas vertebrais: a relação complexa do poeta com a sociedade, pautando-se por uma atitude ora de indiferença, ora de confronto aberto; o recurso — sobretudo nas produções vanguardistas — à atitude “carnavalizadora”; a conceção da poesia como forma privilegiada de autoconhecimento.
Tendo como diapasão estas ideias, procurar-se-á, na presente UC, refletir sobre a relação, dialogal e dialógica, entre as diversas vanguardas históricas do século XX, no que essencialmente diz respeito às práticas e aos comportamentos poéticos que, variavelmente, acabam por alvejar a transformação de “consciências” (individuais e coletiva): seja adotando o poeta um posicionamento de confronto aberto, ou mesmo de indiferença; seja proclamando o poder renovador da poesia; seja criticando a mercantilização do estético; seja valorizando uma conceção triunfalista da poesia enquanto “realidade absoluta”; seja considerando o papel transformador da poesia — à custa muitas vezes de um jogo polifonicamente construído entre a manutenção e a subversão das estruturas (significativas e técnico-literárias) do “campo literário” (assim se compreendendo melhor a importância e o legado que os modernistas deixaram à literatura portuguesa do século XX).
 

  1. Criticism
  2. Representation
  3. Realism

No final desta Unidade Curricular, espera-se que o Mestrando seja capaz de:

  • avaliar criticamente as revistas Orpheu e Portugal Futurista como manifestações de carnavalização estético-literária;
  • identificar, sistematizar e explicar as características do manifesto literário;
  • identificar e analisar (exemplificando) o modo como alguns dos modernistas portugueses avaliaram o homem português e encararam a relação entre o eu individual e o Outro coletivo;
  • explicar o signo da pluralidade que identifica o sujeito pessoano, em textos teóricos e literários;
  • descrever toda a problemática que envolve a determinação do estatuto do heterónimo e da heteronímia;
  • avalizar as relações entre a poética e a poesia de cada um dos heterónimos pessoanos;
  • identificar os antecedentes histórico-literários do Surrealismo em Portugal;
  • justificar as assincronias do Surrealismo em Portugal relativamente ao Surrealismo francês;
  • indicar os vetores axiais do ideário artístico-literário do Surrealismo em Portugal;
  • caracterizar as linhas temáticas centrais de alguns dos principais surrealistas portugueses — nomeadamente António Pedro, José-Augusto França e Alexandre O’Neill (no que diz respeito ao Grupo Surrealista de Lisboa), bem como Mário Cesariny de Vasconcelos e António Maria Lisboa (no que diz respeito ao Grupo Surrealista dissidente);
  • demonstrar a relação que, em Portugal, une os futuristas aos surrealistas — nomeadamente a que diz respeito ao posicionamento iconoclasta, à relação entre a coletividade e o indivíduo, à proclamação de uma “verdade” (construída sobre a espontaneidade poética, a fantasia, o poder renovador do poeta e da poesia) à crítica de teor manifestatário à mercantilização do estético, bem como à conceção triunfalista da “realidade absoluta”, do momento de criação estética e do papel transformador da poesia;
  • identificar as origens histórico-literárias do Experimentalismo poético português;
  • traçar o enquadramento histórico-literário da Poesia Experimental portuguesa, realçando o encontro dialogal e dialógico com o contexto estético internacional;
  • identificar os princípios estéticos, artísticos e literários da poesia experimental portuguesa, nomeadamente na produção de António Aragão, E. M. de Melo e Castro, Ana Hatherly, Alberto Pimenta e Salette Tavares;
  • explicar a atitude carnavalizadora dos poetas experimentais, envolvendo uma dupla atitude de denúncia e de renovação;
  • equacionar o destaque concedido ao processo criativo;
  • esclarecer os princípios defendidos de “ambiguidade”, “abertura” e “ludismo” nas práticas criativas experimentais;
  • explicar a necessidade imperativa da participação ativa do leitor, defendida pelos poetas experimentalistas;
  • explicitar o desarme do processo criativo;
  • clarificar a posição ideológica, assumida pelos poetas e críticos experimentalistas, de crítica ao Fascismo — sobretudo a partir de 1974;
  • descrever o interesse paulatino dos poetas experimentais pela poética barroca portuguesa, indicando os motivos subjacentes a esse interesse;
  • explicitar (exemplificando) o peso da prática de performance nos experimentalistas;
  • desenvolver a problemática do diálogo da poesia com as artes visuais levado operado pelos poetas experimentalistas.

 
 


1. Modernismo e Futurismo: da carnavalização à reconstrução
2. Surrealismo: a relação coletividade-indivíduo e o poder transformador da poesia
3. A Poesia Experimental
 

DELCROIX, Maurice et HALLYN, Fernand (sous la direction de) – Introduction aux études littéraires. Méthodes du texte, Paris, Éditions Duculot, 1990.
REIS, Carlos – O conhecimento da literatura. Introdução aos estudos literários, Coimbra, Almedina, 1995.
SILVA, Vítor Manuel de Aguiar e – Teoria da literatura, 8ª ed., Coimbra, Almedina, 1990.
TADIÉ, Jean-Yves – La critique littéraire au xxème siècle, Paris, Belfond, 1987.

E-learning (fully online).

Evaluation is made on individual basis and it involves the coexistence of two modes: continuous assessment (60%) and final evaluation (40%). Further information is detailed in the Learning Agreement of the course unit.

É obrigatório o recurso a um computador com ligação de banda larga à Internet.