Este Seminário assume a forma de um web seminar multimodal para o estudo interdisciplinar e transdisciplinar do fenómeno da globalização, em que se procura identificar, caracterizar e compreender as grandes alterações tecnológicas, económicas, sociais, ambientais e políticas, assim como os processos de intercâmbio e interfecundação cultural, de que se faz a globalização contemporaneamente.
Procura-se, em particular, compreender a globalização através das interconectividades multímodas decorrentes da aproximação dos povos, das culturas, das regras de convivência social e das religiões através do uso dos mais avançados meios de transporte, comunicação e informação.
Procurar-se-á, portanto, superar a lógica estanque de construção de uma visão do mundo e do cosmos a partir de um centro nacional ou regional. A mundividência superveniente destes estudos resultará numa abordagem de maior complexidade, baseada numa perspetiva multipolar que funda o chamado “pensamento complexo”, que decorre da promoção das ciências da complexidade, na linha do que propõe, entre outros autores, Edgar Morin, na sua obra Penser Global.
O Seminário de Estudos Globais pretende formar os estudantes para uma perspetiva gnosiológica crítica sobre as origens da globalização no processo de alargamento do conhecimento do mundo na Época Moderna em relação com os processos de construção da protoglobalização, ou primeira globalização, que conduziram, na longa duração, ao desabrochar pleno da globalização no mundo hodierno.
Será dado a compreender de que modo a criação de instrumentos de circulação e de comunicação globais gerou um movimento de interações e intercâmbios que estão na base da edificação da consciência e de uma visão global do mundo, em que Portugal e Espanha tiveram um papel pioneiro, dando a conhecer “o mundo ao mesmo mundo”, nas palavras de Vieira, em História do Futuro. A problematização de conceitos e o conhecimento dos movimentos de ideias, políticos e sociais, das inovações científicas, dos novos instrumentos e das instituições protagonistas da criação da primeira base de dados do conhecimento global, no quadro do processo moderno da descompartimentação do mundo, abrirá janelas para a compreensão e caracterização da sociedade de informação atual, e oferecerá as bases para uma reflexão crítica sobre os desafios e problemas que se colocam ao ser humano e às sociedades de hoje, tendo em vista a urgente necessidade de assunção de compromissos e de se traçarem caminhos seguros para a construção de um futuro sustentável, no qual a humanidade tenha uma relação mais harmónica com o meio natural.
Através da comparação de diferentes sociedades e sistemas políticos e da compreensão das suas compatibilidades no espaço, procurar-se-á descortinar o papel da política num mundo em mudança acelerada, assim como as possibilidades de partilha de responsabilidades entre os agentes políticos e os cidadãos na gestão de problemas transnacionais.