Temas de Cultura Portuguesa II
Código: 53043
Departamento: DH
ECTS: 15
Área científica: Literatura e Cultura Portuguesas
Total de horas trabalho: 390
Total de horas de contacto: 60

Esta unidade curricular propõe-se reflectir sobre alguns exemplos significativos da produção crítica, literária e artística portuguesa, analisando momentos cruciais do pensamento nacional desde finais do século XIX até à actualidade, de modo a atingir-se uma visão global caracterizadora da cultura portuguesa. Partindo de uma reflexão inicial sobre o conceito de "cultura" e de “identidade” nacional, serão lidos alguns autores de referência e seguidamente far-se-á uma reflexão sobre o papel e valor da arte na definição cultural de um povo. Procurando detectar alguns traços identitários portugueses (melancolia, saudade, religiosidade, auto-reflexividade) serão abordados 3 diferentes autores relacionados com 3 representações artísticas de natureza narrativa ou para-narrativa: Camilo Castelo Branco (novela), José Régio (drama) e Manoel de Oliveira (cinema). Tais autores serão tidos como figuras paradigmáticas, a partir das quais se estabelecerão contrastes com outros autores portugueses. Nas reflexões finais, durante as quais se pretenderá fazer um diagnóstico cultural português, far-se-á a ligação ao papel da universidade como produtor de conhecimento crítico e juízo cultural.

Cultura; identidade; narrativa; teatro; cinema

No final desta unidade curricular, o doutorando deverá estar em condições de:

‒ compreender traços definidores do conceito, ou conceitos, de "cultura";

‒ determinar aspectos predominantes na identificação da cultura portuguesa;

‒ definir e problematizar conceitos-chave como saudosismo, identidade, nação, cultura, entre outros;

‒ reflectir acerca da ontologia da representação narrativa

‒ contrastar teoricamente a literatura narrativa com o drama e o filme

‒ distinguir o papel desempenhado por cada uma das figuras literárias/artísticas estudadas.

fazer um diagnóstico cultural sobre Portugal e sobre o papel da universidade no mesmo

I – Reflexão prévia sobre os conceitos de "cultura" e "identidade" nacional

II – O papel da literatura e das artes na definição cultural; alguns traços identitários portugueses

III – Da narrativa em geral e da literatura em particular. O caso de Camilo Castelo Branco

IV – Do teatro como “poesia humana”. José Régio e a inquietação religiosa

V – Do cinema como arte do tempo. Manoel de Oliveira e uma visão da história e da cultura de Portugal

VI – Reflexões finais. Papel da universidade na consciência cultural portuguesa 

Obras de leitura obrigatória (na totalidade ou em parte):

Baecque, A., & Parsi, J. (1999). Conversas com Manoel de Oliveira. Porto: Campo das Letras.

Barata, André (2011). A mobilização reemergente do complexo identitário. In Barata, André, Pereira, António Santos, & Carvalheiro, José Ricardo (Orgs.), Representações da Portugalidade. Lisboa: Editorial Caminho.

Bazin, André (1958). Qu’est-ce que le Cinéma? Paris: Editions du Cerf.

Bello, Maria do Rosário Lupi (2008). Narrativa Literária e Narrativa Fílmica. O caso de “Amor de Perdição”. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian/FCT. 1.ª ed. 2005.

Bello, Maria do Rosário Lupi (2022). Tempo e Narrativa no Cinema de Manoel de Oliveira. Lisboa: Tinta da China.

Castelo Branco, Camilo (s.d.) Amor de Perdição. Memórias de uma família. Realização Didáctica de Luís Amaro de Oliveira. Porto: Porto Editora.

Clemente, Manuel (2009). Portugal e os portugueses. Lisboa: Assírio & Alvim.

Coelho, Jacinto do Prado (1983). Introdução ao estudo da Novela Camiliana. 2 volumes. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda. 1.ª ed. 1946.

Eliot, T. S. (1962). Notes Towards the Definition of Culture. London/Boston: Faber and Faber. 1st ed. 1948.

Jahanbegloo, Ramin (2000). Quatro Entrevistas com George Steiner. Lisboa: Fenda.

Lisboa, Eugénio (1978). José Régio, uma literatura viva. Lisboa: Instituto de Cultura Portuguesa – Biblioteca Breve.

Lopes, Silvina Rodrigues (2011). Mensagem e a desconstrução da portugalidade. In Barata, André, Pereira, António Santos, & Carvalheiro, José Ricardo (Orgs.), Representações da Portugalidade. Lisboa: Editorial Caminho.

Lourenço, Eduardo (1999). Portugal como Destino seguido de Mitologia da Saudade. Lisboa: Gradiva.

Mattoso, José (2008). A identidade nacional. 4.ª edição. Lisboa: Gradiva.

Nussbaum, Martha C. (2003). Cultivating Humanity. A Classical Defense of Reform in Liberal Education. Cambridge/London: Harvard University Press, 1st ed. 1997.

Pascoaes, Teixeira de (2007). Arte de Ser Português. Lisboa, Assírio & Alvim.

Pereira, António dos Santos (2011). Decadentismo nacional e identidade portuguesa”. In Barata, André, Pereira, António Santos, & Carvalheiro, José Ricardo (Orgs.), Representações da Portugalidade. Lisboa: Editorial Caminho.

Reis, Carlos (2018). Dicionário de Estudos Narrativos. Coimbra: Almedina.

Scruton, Roger (2020). A cultura moderna. Lisboa, Edições 70.

Todorov, Tzvetan (2007). La littérature en péril. Paris: Flammarion.

Outras – leitura complementar:

Aguiar e Silva, Vítor (2010). As Humanidades, os Estudos Culturais, o ensino da Literatura e a Política da Língua Portuguesa. Coimbra: Almedina.

Bresson, Robert (2003). Notas sobre o Cinematógrafo. Tradução e Posfácio de Pedro Mexia. Porto: Elementos Sudoeste/Porto Editora.

Feijó, António M., & Tamen, Miguel (2017). A Universidade como deve ser. Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Finkielkraut, Alain (Dir.) (2006). Ce que peu la littérature. Paris: Gallimard.

França, José-Augusto (1991). A arte e a sociedade portuguesa no século XX (1910-1990). 3.ª edição actualizada. Lisboa, Livros Horizonte.

Leão, F. Cunha (1998). O enigma português. Lisboa, Guimarães Editores.

Lisboa, Eugénio (1988). José Régio ou a Confissão Relutante. Lisboa: Rolim.

Pires, António Machado (1992). A ideia de decadência na Geração de 70. Lisboa: Vega.

Tarkovsky, Andrei (1996). Sculpting in time. Austin: University of Texas Press.

E-learning

A avaliação inclui a realização de trabalhos e a participação regular e pertinente nos diversos fóruns ao longo do semestre, bem como um trabalho final.

Embora a leccionação se realize em português, é exigido que os estudantes sejam capazes de ler em língua inglesa e é conveniente que o façam com razoável proficiência em língua francesa.