A realeza foi, praticamente durante toda a longa história egípcia, o garante principal da estabilidade do país, sob todos os aspectos. A ideologia real egípcia confere naturalmente ao faraó o primeiro papel no desenrolar dos acontecimentos cósmicos e políticos do país. O poder monárquico é concebido como um poder activo, dinâmico, fonte da maior parte das maiores iniciativas. Obviamente que esta é a concepção teórica fundamental da realeza. O exemplo egípcio é o exemplo clássico dum deus incarnado como rei. O faraó é, com efeito, simultaneamente um deus e um rei humano, estando as dimensões divina e humana completamente misturadas na sua personalidade. Como cabeça do Estado competia-lhe zelar pela ordem e justiça. Era o garante e promotor da piedade e religiosidade. Tudo na esfera política, social e económica tinha na realeza/ no Faraó o seu guardião privilegiado. A manutenção das relações harmoniosas entre a esfera da sociedade humana e a dos poderes sobrenaturais e divinos, a tarefa de provisão dos principais meios de subsistência e seu normal funcionamento eram conferidas ao faraó, dependiam dele, como homem e como deidade incarnada. Ao destacarmos o estudo do faraonato como instituição basilar do modo de vida político egípcio estamos, no fundo, a apreender uma das chaves fundamentais para conhecermos com toda a propriedade o Egipto antigo – ou não fosse ele, reconhecidamente, «o país dos faraós».
Poder
Realeza
Ideologia
- Aquisição e/ou aprofundamento dos instrumentos teóricos necessários à análise, interpretação e problematização das características definidoras e do funcionamento da realeza nos quadros existenciais egípcios;
- Compreensão dos modelos, sistemas e práticas de exercício do poder no antigo Egipto, dos vectores de evolução, continuidade e prestígio do faraonato e da sua influência sobre as várias camadas da sociedade egípcia;
- Desenvolvimento da capacidade de determinar e avaliar os índices essenciais da sacralidade do faraonato, quer através de referências textuais quer de representações e figurações iconográficas.
1. Caracterização geral do poder real no antigo Egipto
2. Dimensões do exercício do poder real
3. Índices da sacralidade do faraonato
4. O faraó na iconografia egípcia
- BONHÊME, Marie-Ange; FORGEAU, Annie, Pharaon - Les secrets du pouvoir, Paris, Armand Colin, 1988.
- HUSSON, Geneviéve; VALBELLE, Dominique, L’état et les institutions en Égypte. Des premiers pharaons aux empereurs romains, Paris, Armand Colin, 1992.
- SALES, José das Candeias, A ideologia real acádica e egípcia. Representações do poder político pré-clássico, Lisboa, Editorial Estampa, 1997.
- _________________,Ideologia e propaganda real no Egipto Ptolomaico (305-30 a.C.), Lisboa, Calouste Gulbenkian, 2005.
- _________________,Poder e Iconografia no antigo Egipto, Lisboa, Livros Horizonte, 2008.
E-learning
Serão contemplados:
1) A participação nas discussões nos fora lançados no âmbito da turma virtual. A avaliação das intervenções nos fóruns terá em atenção:
-Participação (de acordo com as normas enunciadas em cada discussão);
-Identificação dos aspetos principais e acessórios;
- Relevância da argumentação.
2) A realização de trabalhos individuais.