Esta unidade curricular elege como tema de trabalho o romance português, tendo como objectivo desenvolver uma dupla reflexão acerca: (i) do género literário em si mesmo e das alterações de natureza formal, sobre as quais sucessivamente se renova; (ii) do diálogo que o romance entretece com a realidade, veiculando nesse diálogo uma determinada visão do homem e do mundo. Esta reflexão assenta na leitura crítica de três exemplos da literatura portuguesa, ilustrando, cada um deles, momentos significativos tanto da realidade que narram como, por incontornável contaminação, dos caminhos do género: «A cidade e as serras», de Eça de Queirós (1901), «A noite e o riso», de Nuno Bragança (1969), e «Parasceve. Puzzles e ironias», de Maria Gabriela Llansol (2001).
Romance – Teoria do género – séculos XIX-XXI – Escrita e Realidade
— Organizar o estudo da literatura portuguesa moderna e contemporânea segundo um critério genológico ou/e temático, abraçando deste modo um período temporal e estético-literário relativamente extenso de modo eficaz do ponto de vista cientifico-pedagógico.
— Desenvolver competências de reflexão crítica e cientificamente fundamentada sobre os diferentes temas e géneros abordados.
— Desenvolver competências de exposição, problematização e articulação temática, conceptual e estética, no contexto da reflexão sobre a literatura portuguesa moderna e contemporânea.
— Promover a capacidade de conceber, planificar e realizar de forma autónoma um projecto de investigação relevante, inovador e de reconhecida qualidade académica.
— Promover hábitos de disseminação do conhecimento, tanto em contexto académico como ao serviço da comunidade.
A unidade curricular de Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea I elege o romance como objecto de análise e reflexão. Esta opção programática baseia-se na enorme capacidade representacional do género, bem como na sua vocação para questionar o mundo, ao propor leituras novas e muitas vezes surpreendentes da realidade. Baseia-se igualmente na sua extraordinária vitalidade, resistente às transformações que tem sofrido desde o século XIX, considerado "o século de ouro do romance", até aos dias de hoje.
1. O romance realista – reflexos: A cidade e as serras (1901), de Eça de Queirós
1.1 – Identidades e mundos
1.2 – Realidade e representação
2. O romance moderno – metamorfoses: A noite e o riso. Tríptico (1969), de Nuno Bragança
2.1 – O mundo em desordem
2.2 – Acção e personagem
3. O romance contemporâneo – subversões: Parasceve. Puzzles e ironias (2001), de Maria Gabriela Llansol
3.1 – O des-conhecer do mundo
3.2 – Escrita como demanda
Os títulos abaixo são referências teóricas de base. A bibliografia específica é partilhada e trabalhada ao longo do semestre.
Arnaut, Ana Paula – Post-Modernismo no romance português contemporâneo. Coimbra: Almedina, 2002.
Cohn, Dorrit – La transparence intérieure. Modes de représentation de la vie psychique dans le roman. Traduit de l'anglais par Alain Bony. Paris: Éditions du Seuil, 1981.
Hutchon, Linda – Poética do Pós-Modernismo. Rio de Janeiro: Imago, 1991.
Lourenço, António Apolinário, Santana, Maria Helena, e Simões, Maria João (Coord.) – O século do romance. Realismo e Naturalismo na ficção oitocentista. Coimbra: Centro de Literatura Portuguesa, 2013.
Tadié, Jean-Yves – O romance no século XX. Lisboa: Dom Quixote, 1992.
E-learning
A avaliação inclui a realização de trabalhos e a participação regular e pertinente nos diversos fóruns ao longo do semestre.